"Civilização Avançada"

07/03/2010 12:22
Decidi falar um pouco de uma civilização bastante conhecida dos antropólogos, mas desconhecida de mais da metade da população, para não ser hiperbólico emprego o termo metade, uma vez que eu não tenho dados estatistico para divulgar e nem sei se o leitor já ouviu falar. Estive lendo uma reportagem da prestigiosa revista NATIONAL GEOGRAFIC, edição de dezembro de 2009, a matéria era sobre os povos Hadza, realizada pelo contribuinte Michael Finkel.

Os povos Hadza vivem no Norte da Tanzânia, Finkel declara que realizou uma proeza ao encontrar com estes povos - Não são apenas os anos que os hadza não contam. Eles ignoram as horas, os dias as semanas e os meses. Assim, marcar um encontro pode ser complicadíssimo.

A princípio, um forasteiro em terras longíquas não se sentem bem a vontade mas com o passar dos dias seu trabalho pareceu-lhe que era um período bem sabático. Então nosso aventureiro aceita caçar balbuínos com os anfitriões, e descreve - Á noite os espinhos são invisíveis, e orientar-se parece impossível. Para o pessoal a orientação não é problema, eles vivem na mata desde que nasceram, sabem acender uma fogueira girando um graveto entre as mãos, conversam com os passarinhos nativos trocando-lhes assobios e eles levam as colmeias com mel.
Os Hadzas são caçadores e coletores, exames genéticos indicam que eles podem representar uma das raízes primárias da arvore genealógica humana, originada talvez há mais de 100 mil anos. Assim, podem oferecer um vislumbre ter sido a vida antes do surgimento da agricultura , 10 mil anos atrás. Obviamente quando surgiu a demarcação de terras, a agricultura, surgiu cidades, países, etc.
Dando continuidade aos trechos mais interessante da reportagem segue-se que os Hadzas nunca entraram em guerras, não enfrentaram fome coletiva, e grupos agrícolas ja conviveram com eles em épocas de fracasso na colheita.
Finkel ao detalhar os atos de caça e coleta registra o relato de Onwas (Hadza) - Um homem não arranja mulher antes de ter matado pelo menos cinco balbuínos. Os homens besuntam a ponta de suas flechas com a seiva fervida da flor Adenium obesum, dizem que podem derrubar uma girafa! O acampamento hadza é marjoritariamente consanguíneo e associam-se sem compromisso, não lider, não existe riqueza e nem hieraquia, nada de aniversários ne comemorações periódicas, há total anarquia e a caça é dividida entre todos.
O que mais me chamou a atenção foi o trecho "...os hadza que não são um povo combativo, quase sempre mudam invés de lutar." As pressões políticas foram grande para que estes povos tornassem pós modernos, embora os jovens tenham pouco interesse pelo mundo exterior, o mundo está vindo até eles.
Para terminar de resumir a reportagem citareis dois trechos do colaborador Finkel, "Invejo a liberdade que os hadzas parecem ter, livre das posses e da maioria das obrigações sociais. Livre de horários, de chefe, de leis, dinheiros, livres de preocupação". E mais adiante complementa "...meu tempo com os hadzas me fez mais feliz. Fez me desejar que houvesse algum modo de prolongar o reinado dos caçadores-coletores, mesmo sabendo que é tarde demais".

E questiono, com toda parafernália tecnológica, fortunas, vaidades, posses, prazeres, poderes, sentimo-nos bem? Somos felizes? Acredito que a simplicidade é uma cornucópia intelectual, talvez os primitivos deviam ser mais sábio que o homem pós moderno...